Discurso de Buda sobre a permanência

Um dos discursos atribuídos a Buda mais conhecidos ao redor do mundo é o discurso sobre a bondade amorosa (o Metta suta, ou “bondade amorosa”).

Trata-se de um sutra cantado pelos monges budistas da tradição Theravada para agradecer as oferendas dos leigos, sejam elas de comida ou de bens materiais. É também utilizado nas práticas meditativas ligadas o termo “Metta” (bondade amorosa) em que os praticantes cultivam pensamentos e sentimentos de bondade e amor para todos os seres vivos visíveis ou invisíveis.

Hoje em dia este sutra ganhou especial relevância na tradição theravada tailandesa da floresta. Uma tradição que surgiu de um movimento fundado por um monge do Nordeste da Tailândia no século XX, Phra Ajahn Mun Bhūridatta (1870, 1949).

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Ajahn Mun

Conta-se que este movimento serviu como um impulso que veio dar um novo fôlego e revitalizar o ensinamento prático do Buda, iluminando novamente o caminho esquecido para o Nibbāna (Nirvāna em Sânscrito) e desvelar o que nas antigas culturas era conhecido como a “Sabedoria do Guerreiro”.

O venerável Ajahn Chan (1918-1992) foi um dos seus principais discípulos, continuando a fazer crescer o movimento do seu mestre e tornando esta antiga sabedoria mais acessível aos leigos. Foi também ele um dos grandes responsáveis pela chegada da influência budista Theravada aos países ocidentais, como é o caso de Portugal, permitindo assim uma nova via monástica ao publico budista e não budista ocidental.

Luang Por Chah Barre Mass., USA

Ajahn Chah – Teachings – Forest Sangha

Este sutra foi traduzido do Pali para português pelos monges budistas portugueses da tradição Theravada tailandesa da floresta residentes no mosteiro Sumedharama perto da Ericeira em Portugal.

Pode-se ler o livro de cânticos seguindo este link: https://sumedharama.pt/wp-content/uploads/Publications/08-2016-canticos/Canticos-PT.pdf

Metta Sutta

Eis o que se deve fazer para cultivar a bondade e seguir a via da paz: Ser capaz e ser honesto, Franco e gentil no falar. 

Humilde e não arrogante, contente, facilmente satisfeito. 

Aliviado de deveres e frugal no seu caminho. 

Pacífico e sereno, sábio e inteligente. 

Sem orgulho, sem exigência por natureza. 

Que ele nada faça que os sábios possam vir a reprovar. 

Desejando: Na alegria e na segurança, que todos os seres sejam felizes. 

Quaisquer que sejam os seres vivos, fracos, fortes, sem excepção. 

Dos maiores aos mais pequenos, visíveis ou invisíveis, estejam perto ou estejam longe, nascidos ou por nascer, 

Que todos os seres sejam felizes!

Que ninguém engane ninguém, ou despreze alguém em que estado for. 

Que ninguém por raiva ou má-fé, deseje mal a alguém. 

Assim como uma mãe protege o filho, com a sua vida, seu único filho.

Assim de coração infinito, se deveria estimar todo o ser vivo;

Irradiando ternura por todo o mundo: Acima ao mais alto céu, e abaixo às profundezas; 

Irradiante e sem limites, livre de ódio e má-fé. 

Seja parado ou a andar, sentado ou deitado, livre de torpor, esta é uma lembrança a manter.

Diz-se esta ser a sublime permanência. 

O puro decoração, com clareza de visão, ao não insistir em ideias fixas, liberto dos desejos dos sentidos, Não voltará a nascer neste mundo.

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